Este não é um espetáculo, mas uma oração. Oração dos – e para os – desalmados e desencarnados da vida. Un Chant D’Amour, de Genet, se tornou uma canção de raiva e de sexo. A última parte da Trilogia do Armário – armário feito de pele, sangue e esperma – é uma ode a marginalidade sexual, aos paus e cus que se encontram nos becos das ruas abandonadas ou nas celas imundas das prisões que nos encerram. Com texto de Rodrigo Barata, os seis homens que se encontram encarcerados vivem os escombros das suas escolhas, exercem os seus desejos mais vis e sagrados.
Os heróis que carregam o peso do mundo nas costas são: o poeta Jean (Arthur Ribeiro), o “machão” Marcel (Renan Coelho), o Padre obsceno (Kayo Conká), o contraditório Mudinho (Paulo César) e o puto Companheirinho (Gabriel Cunha). Estes são os entristecidos devotos da Santa dos ladrões, a Santa Pocilga de Misericórdia (Allan Jones). Esta Santa que se anuncia através de choros e gozos vem para mostrar que os renegados também rezam, também creem, também esperam, também amam.
É claro que esse peso vai cobrar seu preço, o preço da carne e do sangue.
ARTE: Adan Costa CENOGRAFIA: Kevin Braga ILUMINAÇÃO: Tarik Coelho PREPARAÇÃO CORPORAL: Fábio Limah ENCENAÇÃO: Kauan Amora
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